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Silêncio Estratégico ou Tentativa de Proteção? Presidente do Sindnapi Fica em Silêncio na CPMI do INSS

Brasília – Em uma sessão marcada por tensão e controvérsias, o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, optou por exercer seu direito constitucional ao silêncio durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A decisão de Baptista de permanecer em silêncio foi justificada por seu advogado, que alegou que ele havia sido alvo de uma nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal, o que teria abalado seu estado emocional. O advogado também mencionou que a residência de Baptista foi alvo de busca e apreensão, o que contribuiu para sua decisão de não responder às perguntas dos parlamentares.

Durante a sessão, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sugeriu que a continuidade do silêncio de Baptista poderia levar à convocação do vice-presidente do Sindnapi, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Gaspar afirmou que a comissão poderia convocar Frei Chico para esclarecer sua participação na gestão da entidade, especialmente após a constatação de que o sindicato movimentou cerca de R$ 600 milhões nos últimos anos.

Em defesa de Frei Chico, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) argumentou que sua convocação seria uma tentativa de associar o nome do irmão do presidente às investigações sem evidências concretas de envolvimento em irregularidades. Pimenta ressaltou que a comissão deveria focar em apurar as responsabilidades de fato, sem recorrer a manobras políticas.

O Sindnapi, entidade que representa aposentados, pensionistas e idosos, tem sido alvo de investigações por supostas fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS. A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que o sindicato omitiu informações sobre a presença de Frei Chico em sua direção ao firmar parcerias com o INSS, o que poderia configurar infração à Lei nº 13.019/2014, que veda a participação de parentes de agentes públicos em organizações da sociedade civil que firmam parcerias com o poder público.

Apesar das acusações e investigações em andamento, Frei Chico não consta entre os investigados pela Polícia Federal ou pela CGU. Sua atuação no Sindnapi tem sido defendida por aliados políticos como sendo legítima e sem envolvimento em práticas ilícitas.

A CPMI do INSS segue com os trabalhos, buscando esclarecer as responsabilidades por eventuais fraudes e garantir a transparência na gestão dos recursos destinados aos aposentados e pensionistas. A convocação de Frei Chico permanece em pauta, e sua eventual participação na comissão poderá trazer novos elementos para as investigações.

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